INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO RIO GRANDE DO SUL
Campus
Vacaria
Licenciatura em Ciências
Biológicas
Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid/Capes-IFRS
Nome
do bolsista: Mariana Lisbôa de Oliveira
Tema
da atividade: Questões sobre o Referencial Curricular Gaúcho e as Matrizes de
Referência para o Ensino Híbrido 2021
Data
de entrega: 08/05/2021
Referencial Curricular Gaúcho
- Quais as principais características do Referencial Curricular
Gaúcho e como se dá sua articulação com a BNCC?
Ele foi elaborado
de forma colaborativa através da gestão de políticas públicas educacionais
estabelecidas entre a União, os Estados e Municípios para que as ações pensadas
beneficiem a todos, desenvolvendo um documento referencial de território,
respeitando os diferentes contextos.
O
Referencial Curricular Gaúcho colabora para a garantia da educação como bem
público e de direito social para a formação de sujeitos em condição de pertencimento,
visando a oportunidade de aprendizagens independentemente do sistema
educacional ao qual pertencem.
Ele foi
gerado a partir das dez macrocompetências essenciais da BNCC que devem ser
desenvolvidas no decorrer da educação básica, objetivando as aprendizagens de
forma espiral em busca da superação das desigualdades de qualquer natureza.
- Quais as concepções de educação e de aprendizagem adotadas pelo
documento?
O
documento traz a educação como processo em constante transformação, compreendendo
o desenvolvimento integral do sujeito e reforçando o objetivo de que todos
aprendam independente do sistema ou rede educacional em que estão inseridos. O
estudante ocupa o lugar de protagonista no processo educativo e o professor
como um mediador e orientador na busca do desenvolvimento das habilidades e
competências vinculados as macrocompetências da BNCC que são intensificadas por
meio da participação, interação, fomentando a criatividade e proporcionando
mudanças.
- Segundo o documento, o que se entende por educação e formação
de sujeitos na escola?
A escola
é entendida como um espaço localizado entre a família e a sociedade que auxilia
na construção de aspectos afetivos, éticos, sociais e o modo de ser e estar na
sociedade. Com isso busca-se uma aprendizagem significativa e que leva em
consideração as experiências de vida de cada indivíduo
- Qual a concepção de currículo adotada pelo documento?
O
currículo é visto como dispositivo que abarca um conjunto de saberes articulado
e normatizados que produzem conhecimentos sobre o mundo.
A partir
das características de cada escola, o currículo deve ser pensado considerando
as especificidades locais e as trajetórias pedagógicas referenciados no Projeto
Político Pedagógico.
- Como as 10 competências básicas da BNCC se relacionam com o
Referencial Curricular Gaúcho?
As
competências visam assegurar aos alunos a formação integral e devem ser
trabalhadas de forma interdisciplinar. Essas competências não se resumem a
complexidade cognitiva do desenvolvimento, mas levam em conta também aspectos
pessoais, sociais e de caráter comunicativo do sujeito, que em consonância com
a BNCC devem estar articuladas com as demais áreas do conhecimento e
componentes curriculares de forma espiral. Isso possibilita o desenvolvimento
de competências como o respeito, a autonomia emocional, o desenvolvimento da
solidariedade, a capacidade de trabalhar em grupos e estabelecer novas relações
respeitando as normas de convívio social.
- Como se apresentam a ciência e a tecnologia aplicadas à
educação no século XXI no contexto do Referencial Curricular Gaúcho?
Apresenta-se
como parte importante na formação do estudante e no trabalho do professor que
deve atuar como facilitador e orientador, promovendo a reflexão, escolhas,
experiências, descobertas e avaliações para possibilitar a autoaprendizagem do
aluno com a utilização adequada das tecnologias disponíveis. A escola deve
servir de apoio as práticas de pesquisa voltadas a formação integral do
estudante.
- Segundo o documento, qual a importância da formação continuada
dos professores do estado do RS?
A
formação continuada tem sua importância na reflexão da prática docente e a
partir disso estar avaliando e reconstruindo a sua prática educativa,
apropriando-se de novos saberes e experiências que possibilitem ressignificar
sua didática.
- Caracterize brevemente as modalidades de ensino presentes no
documento.
- Educação especial: realiza o atendimento educacional
especializado (AEE) que deve estar articulado com a proposta pedagógica da
escola. Este atendimento complementa a formação do estudante e visa a autonomia
do mesmo através de estratégias, materiais e recursos que permitam os alunos
com deficiência e altas habilidades/superdotação participar de todas as
atividades escolares.
- Educação de Jovens e Adultos: Esta
modalidade acolhe indivíduos que por diversos fatores não tiveram acesso a
escolarização na idade considerada regular e busca ofertar a aquisição de
habilidades e competências consideradas indispensáveis para a vida cotidiana. A
educação de jovens e adultos busca promover o acolhimento, o diálogo, a escuta
solidária e experiências significativas, além de promover a busca de novos
conhecimentos.
- Educação do campo: Considera-se população
do campo os sujeitos que produzam suas condições materiais de existência a
partir do trabalho no meio rural. A escola do campo é entendida como aquela que
está localizada na área rural de acordo com o IBGE.
A escola do campo deve focar sua proposta
pedagógica no desenvolvimento de habilidades e competências que sejam capazes
de proporcionar aos jovens lidar com as situações do seu cotidiano e a resolver
os problemas reais com autonomia.
- Educação escolar indígena: Garante a
oferta da educação bilíngue e intercultural, garantindo a oferta da língua
materna e a busca da valorização e reafirmação de suas identidades étnicas,
além do acesso a informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade
nacional e das demais sociedades indígenas e não indígenas.
- Educação das relações étnicos-raciais e
educação escolar quilombola: Tem o objetivo de garantir aos estudantes o
direito de se apropriarem dos conhecimentos tradicionais oriundos das
comunidades quilombolas proporcionando o reconhecimento, a valorização, a
continuidade de sua história e fazendo com que se reconheçam pertencentes a sua
cultura.
- Na área de Ciências da Natureza, o documento apresenta, para
cada ano do Ensino Fundamental I e II, as HABILIDADES RS, que são
habilidades específicas para o estado do RS. Faça a leitura das
HABILIDADES RS do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, e faça uma
comparação entre elas e as respectivas habilidades da BNCC: o que muda, o
que falta, o que se complementa.
Ao analisar as habilidades da BNCC e
compará-las com as que constam no Referencial Curricular Gaúcho, percebe-se que
em muitos pontos a BNCC é bastante vaga, pode-se dizer rasa na construção de
algumas habilidades e o Referencial Curricular Gaúcho vem a complementar e dar
suporte para o trabalho do professor.
Muitas
habilidades propostas pela BNCC precisam de que outras habilidades antecedam as
já estipuladas no documento e o Referencial Curricular Gaúcho foi elaborado com
essa finalidade, colocando ao mesmo tempo a importância de reconhecer a
comunidade na qual o professor e alunos estão inseridos.
Um
exemplo da complementação da BNCC é quando ela nos traz como habilidade para o
6º ano no eixo Matéria e Energia “ (EF06CI04) Associar a produção de
medicamentos e outros materiais sintéticos ao desenvolvimento científico e
tecnológico, reconhecendo benefícios e avaliando impactos socioambientais” e o
Referencial Curricular Gaúcho propõe pesquisar como os medicamentos são
fabricados e quais são mais utilizados pela comunidade em que os alunos estão
inseridos, propõem também diferenciar os materiais sintéticos dos naturais.
Com isso
percebe-se que as habilidades descritas no Referencial Curricular Gaúcho
precisam ser trabalhadas para que então se consiga compreender e trabalhar com
as habilidades propostas pela BNCC, além de que o Referencial Curricular Gaúcho
aproveita muito melhor o tema proposto pela BNCC para construir outros
conhecimentos a cerca de um determinado assunto.
Acredito
também que questões como saúde pessoal e da comunidade, bem como bons hábitos
de higiene já deveriam ser trabalhados desde o 6º ano, assim como a separação
de lixo e o que fazer para contribuir de forma consciente e sustentável na
sociedade para proporcionar a formação de um indivíduo mais consciente e responsável
com as questões sociais e ambientais.
MATRIZES DE REFERÊNCIA PARA O MODELO HÍBRIDO DE ENSINO ANO
LETIVO 2021
- Qual o objetivo das
matrizes curriculares para o ensino híbrido 2021? Como se justifica a
elaboração deste documento e a seleção das habilidades e objetos de
conhecimento nele presentes?
É
fornecer um ensino de qualidade em busca de um desenvolvimento das
potencialidades dos estudantes referentes as aprendizagens essenciais previstas
para o ano letivo de 2021 e que devem contemplar a realidade correspondente ao
Projeto Político Pedagógico de cada escola.
- Faça a leitura das matrizes curriculares para o ensino híbrido
2021 do Ensino Fundamental Regular II. Faça uma análise das habilidades e
objetos de conhecimento selecionados para cada ano: pontos positivos,
negativos, o que deixou de ser contemplado, viabilidade prática.
Ao
analisar as habilidades e objetos de conhecimento selecionados para compor a
matriz curricular para o ensino híbrido 2021 no ensino fundamental II e
compará-lo com a BNCC e o Referencial Curricular Gaúcho, é possível perceber
que muitas habilidades que eram contempladas no 5º ano foram inseridas na
matriz curricular para o 6º ano, assim como ocorre nos demais anos, que acabam
por inserir habilidades e objetos de conhecimento que seriam destinados ao ano
anterior ao mencionado. Acredito que tenha sido uma forma de reforçar ou até
mesmo contemplar conteúdos que não foram possíveis de serem trabalhados
anteriormente por conta do momento de pandemia vivido em todo país.
Vejo
está modificação como algo positivo, que busca preencher as lacunas deixadas no
ano de 2020, mas também percebo que deixa de contemplar algumas habilidades e
objetos de conhecimentos que são importantes para a formação integral dos
estudantes, sendo isso um ponto negativo. Outro ponto a destacar, é que as
habilidades que exigem mais investigação e atividades práticas como por exemplo
alguns experimentos para possibilitar a construção do conhecimento, não estão
sendo contempladas pela falta de viabilidade prática quando se fala em ensino
híbrido, mas tenta-se abraçar as que não exige tal prática.
Percebo
que estão tentando “tratar” algo que na verdade não tem cura, servindo essas
modificações como “remédios” para tentar amenizar as sequelas que esta pandemia
está causando em cada estudante e ao mesmo tempo traz à tona “doenças” que na
verdade já existiam na área da educação, mas que ficavam escondidas e abafadas.
Quando se fala em educação e construção de aprendizagens, infelizmente os
estudantes são os que mais serão prejudicados e pagarão a conta da precariedade
do sistema de ensino.